Considerarei que devia colocar em palavras a experiência de viver um projeto como o Al-Férias, faço por sentir a necessidade de partilhar de modo pessoal e dar a ler para conhecer. Dizer como foi, é mostrar como acontece e projetar como será no futuro.

As crianças, são crianças, com mais ou menos ajuda, com mais ou menos limitações. São meninos que necessitam de amor, atenção e carinho. São meninos que precisam da exigência adequada das tarefas para se poderem desenvolver. Uma criança nunca saberá andar de bicicleta se nunca a tiver experimentado.

“A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação.” – Esta é uma frase de Nietzsche, e seguro nela de modo a vincar a ideia de que somos nós adultos que devemos mostrar um mundo sem barreiras. Se a criança gira e trás com ela alegria, não podemos ser nós a mostrar um mundo cruel cheio de virar de costas.

O Projeto Al-Férias, nasceu da vontade de 2 associações (AAMA e Junta de Freguesia de Silves), e é implementado pela força humana de todos aqueles que já fizeram parte do projeto. Todos os patrocinadores que se juntaram para fazer a diferença, Zoomarine, Caixa Crédito Agrícola, Amigos dos pequeninos e Grupo desportivo do Enxerim.

Ser pai de uma criança especial é ter que lidar com olhares alheios, é ter que viver birras maiores, é ter que considerar ir a local A em vez de B. É pensar numa ementa diferente, é ter que procurar apoios sozinho. É ter que escolher um local de férias adaptado, é ter que dar banho, é ter que ajudar a vestir, é ouvir que o seu filho tem um atraso em relação ao outros, é ver que o filho já devia andar, é esperar por ouvir um “Olá mãe, olá pai” é ter que ser um pai e mãe presente sempre.

Pois bem, é ao saber que queremos dar a estas famílias mais um momento de alegria que procuramos unir força e continuar a implementar o projeto. Férias só podem ser férias se forem com diversão. Termino este texto com a minha reflexão do que foi subir à roda gigante do Zoomarine com 14 crianças especiais.

A roda gigante erguesse na sua grandiosidade e também no perigo, vejo nela um reflexo que é a vida destas crianças. Uma montanha que assusta mas que pode oferecer experiencias fantásticas. Por baixo dela, uma fila enorme de pessoas que esperam ansiosamente pela sua vez, mas pedimos autorização para ultrapassar e assim foi. Os olhares das pessoas foram um misto entre “Que bom, meninos com deficiência a aproveitar o parque” e “Que imprudente trazer um grupo assim para o parque”. Para esses olhares apenas um rasgão de atenção, pois tinha o grupo para colocar em segurança e esses sim são os importantes. Entrámos todos, 14 crianças e 16 adultos, juntos numa só viagem, a roda gigante foi nossa por aqueles instantes. Mas… e as crianças… e o seu comportamento… estão fechados em movimento… é alto… e que não pode parar ao nosso pedido…

Pois… esses foram apenas os nossos medos. Medos esses que pode ganhar forma de precaução, que levam à ponderação e à lucidez do perigo. Mas nós não caímos na inércia de tentar e por isso arriscámos.

As crianças libertaram sorrisos, olhares brilhantes e o medo deu lugar à superação.  As crianças sentiram a altura, o movimento das cadeiras, viram o parque de cima e sentiram as borboletas na barriga, as crianças foram crianças como todas as outras crianças.

Faço desde um exemplo que deve ser seguido – “Acreditar para vencer, fazer para crescer, viver para ser!”


Um obrigado sincero - Patrícia Carvalho, Vera Alves, Bruno Peres, Nuno Silva, Inês Faria, Cláudio Camarão, Andreia Francisco, Filipa Dias, Alexandra Martins, Inês Feliciano, Andreia Dantier, Margarida Lourenço, Diana Ferreira, Joana Estrela, Inês Correia, Edite Palma, Paula Melo, Carine Fernandes, Tito Santos, Henrique Pereira, Rita Costa. Al-Férias 2018


Um desenho de uma criança que não gosta de escrever, mas que a mãe afirma que agora só aceitar escrever se for no caderno da colónia.






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