O desenvolvimento da criança
nasce da interação entre múltiplas variáveis. Hoje irei abordar a personalidade
da criança, que é algo que é mutável e que todos nós temos culpa no cartório. Todos
nós que estamos à sua volta, somos capazes de mediar experiências tanto
positivas como negativas, mas também ainda dependemos daquilo que a criança
assimila. Um exemplo prático são os medos dos papás, que por não se sentirem
seguros da experiência acabam por mostrar sinais de medo que a criança lê,
aprendendo “Também não me sinto seguro!”. Por outro lado, temos a segurança do
momento onde a criança vê algo que a assusta, mas que pela presença confiante
dos papás (que sabem que nada de mal lhe pode acontecer) dão sinais de “Tu és
capaz, não tens que temer nada!”
A personalidade de um indivíduo
pode ser brevemente definida pelo conjunto de características que definem o seu
padrão de ação, sejam elas cognitivas, emocionais e que se traduzem em comportamentos,
atitudes e hábitos. Uma outra variável fundamental da personalidade é a permanência
do comportamento ao longo do tempo. Assim sendo, será sempre a forma de estar
da criança no mundo, que expõe a sua personalidade.
Irei já partir o título e salientar!
– Não existem “meninos maus”, mas sim ações ou comportamentos que não se devem
repetir. Não estou a tentar dar a volta à moeda, mas sim a mostrar o efeito
negativo para a criança de quando dizemos – “Tu és mau!” -“Tu és feio”. A
educação, e citando René Hubert, é um conjunto de ações e influências exercidas
voluntariamente por um ser humano em outro, normalmente de um adulto em um
jovem. Mas pegando numa citação de João do Santos no livro Ensaios sobre Educação, este defende que “aprender é investigar e
conhecer através da própria experiencia adquirida”. Onde quero chegar é que,
para aprender, é preciso existir um agente ativo, que está aberto a receber
informação perante a sua ação. Se a criança faz algo que não devia, deve ser
alertada para o erro, explicando-se as desvantagens da sua ação.
Todos nós conseguimos sentir
frustração, todos nós já vivemos alguns momentos de incapacidade em lidar com a
situação atual. No entanto, não podemos fazer disso razão para agir mal, e isso
também não deve ser deixado ao acaso nas crianças. Existem crianças que têm
menos controlo em gerir a frustração e acabam por agir mal, muitas das vezes
fruto da impulsividade do momento. É fundamental existir o – Alerta! Que isso não se faz! No entanto,
quando os múltiplos alertas não são suficientes à mudança, é necessário um
acompanhamento mais técnico para dar oportunidade à criança de resolver e
encontrar num contexto seguro o seu auto-controlo.
Todas as crianças podem mudar,
não deixe que a sua criança passe a ser o “menino mau”. Mudar o “menino mau” é
difícil, porque este já é mau. Não podemos deixar que a criança seja fruto de
uma personagem de menino mau, quando os ingredientes para ela mudar são sentir
valor em si mesma, e ter confiança que pode mudar.
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