Assim que saímos e colocamos o pé de fora da Universidade olhamos para trás e vemos um edifício que nos transformou durante anos. Foram várias a lições aprendidas, várias ideias que se encontram arrumadas quase como livros em prateleiras. Automaticamente as arrumamos como temas associados a determinadas disciplinas e por vezes até recordamos professores (Se recordamos, talvez foram mais do que professores chegando a pedagogos).

O tema Universidade apenas surge para contextualizar a situação, uma vez que existem coisas que não nos podem ser ensinadas mas sim alertadas, e a sua verdadeira Eureka surge na prática (Atenção que a Eureka surge só se tivemos bases para tal, a Universidade é importante). Hoje sou Terapeuta, ajudo crianças com buracos nos caminhos da vida, enquanto outras têm auto-estradas. O que faço?! Algo muito simples, ou as ajudo a tapar buracos ou as ensino a saltar por cima.

Na faculdade ensinaram-me a olhar para determinadas psicopatologias que podem surgir na infância, muitas delas são capazes de modificar o comportamento para um perfil patológico e eis que surgem os sintomas. Os sintomas são sinas que utilizamos como bengalas para poder definir onde estão os problemas e quais os aspectos a trabalhar (O bom), são também eles que provocam o perfil desviante na criança e lhe causam as limitações na sua adaptação às exigências do quotidiano (O Mau), e por último são a verdadeira chave para que no contexto escola possam ser menosprezadas, magoadas e postas de parte por os outros colegas (O Vilão).

No desenrolar de uma das minhas sessões sugeri à criança com que brinco (Traço sim um plano Terapêutico, com base nas suas dificuldades) para executar uma tarefa com enorme grau de exigência para ela, isto depois da sessão ter corrido muito bem e de eu ter visto grandes progressos. A criança parou a olhar para mim e riscou a folha em vez de executar o que eu tinha pedido, voltei a investir com calma
e ela sussurrou baixinho: - Não consigo, sou mau e os outros meninos dizem isso.

A criança até conseguia fazer minimamente o que lhe tinha sugerido, no entanto o Vilão levou a melhor desta vez. Acalmei a criança, e fantasiei um pouco de modo a construir o sorriso no seu rosto e terminamos a sessão. Temos que conseguir ser capazes de olhar não apenas para o nosso espaço (tempo de sessão) e captar o estado emotivo da criança noutros contextos para conseguir destapar alguns vilões. Um outro elemento chave será gerir as espectativas dentro da sessão, a criança tem que perceber que ali pode falhar, pois iremos moldar cada falha até chegarmos ao sucesso. Fica a mensagem:

“Prendam os Vilões, transformem os maus, os bons fogem e fica a criança” – Sucesso terapêutico.

Fábio Faustino.
(12-01-2014)

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