Hoje tenciono partilhar um acontecimento que me colocou a pensar sobre ser Criança. No desenvolvimento da criança, ela passa por uma fase que é a conquista do próprio corpo. Aqui, surge um mundo de descoberta que é adquirida por parte das sensações provenientes dos órgãos sensoriais, sejam eles quais forem. Atinge uma fase em que começa a interessar-se pelo mundo exterior mas sempre com o objetivo do próprio prazer, acabando por viver num mundo em comunidade mas fechada no seu próprio egocentrismo. A criança transforma-se em adolescente e mais tarde em adulto e aquilo que as distingue, grande parte das vezes, é a capacidade de olhar e entender que existe o outro.
O que hoje vi e quero partilhar
passou-se, na estação do Rato – Lisboa. Para quem passa por lá com frequência
sabe que se encontra lá um senhor cego que tem um copo, onde quem se
disponibiliza a dar uma esmola a pode colocar. O dinheiro é algo que nos permite
satisfazer desejos, é algo que compra o que necessitamos e é também o fruto de
muitas doenças. Nós só somos capazes de abdicar dele quando achamos que o que
temos a ganhar com ele é menor do que o seu preço.
Quando somos crianças facilmente os
nossos desejos são atingíveis, ou seja compráveis. Pensamos rapidamente em
desejos simples como ir até à loja dos doces e comprar o máximo de gomas e
chocolates, sem pensar para além disso mesmo. O que penso do nosso mundo adulto
é que alguns nunca deixaram esse pensamento de querer consumir para alem deles
mesmos sem olhar à sua volta. Hoje vi uma criança de 8 anos, sozinha e sem
adultos por perto a abdicar dos seus desejos e a entregar a sua moeda a este
senhor cego. O senhor que recebeu a moeda, por limitações sensoriais, não viu o
gesto bonito. Mas…o que me preocupa é sentir que esta criança viu algo que
muitos adultos não vêm, AJUDAR!
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