A brincadeira tem limites!

Estabelecer regras é algo que é fundamental para gerir uma organização e controlar variáveis soltas. Quando falamos em sistemas dinâmicos e complexos, as trocas que existem podem ser de tal modo grandes que acabamos por perder o controlo. Pensemos na nossa sociedade… Existem Leis escritas que ajudam os cidadãos a percepcionar os seus direitos e deveres, este é um processo educacional que limita o povo a um conjunto de comportamentos que é limitado.

Pois bem…Não sou sociólogo, mas sim Psicomotricista. Trabalho com crianças e exploro o comportamento humano dentro e fora da patologia, quando organizo uma sessão esta também tem que ter regras, tempos e limites interpessoais. Existe um espaço terapêutico que é fundamental para criar distância e ao mesmo tempo aproximação.

Hoje durante a sessão um dos meninos com quem trabalho perguntou-me “Porque te vais embora? Gostava que ficasses mais tempo a brincar comigo!” – A minha resposta foi: Sabes, o Fábio tem mais tarefas para fazer, assim como tu tens que ir ter com os teus colegas e ir trabalhar com a educadora.

A dúvida surge pois se estou ali para ajudar aquele menino, talvez ficar mais tempo fosse bom para ele. No entanto a minha ausência tem que existir para que a sessão e as suas aprendizagens façam sentido. A minha ausência é fundamental para criar autonomia, nós queremos ser muletas na vida destas crianças e não próteses. Temos um prazo de validade e quanto mais rápido ele acabar, significa que a progressão da criança foi excelente. A ausência serve como um mecanismo de segurança que ajuda a criança a assumir que não irei permanecer para sempre, no entanto durante o tempo em que estou com ela é fundamental que perceba que sou o seu melhor amigo no que toca a ajudar a superar os seus problemas.